A vida está realmente ficando estranha
E se você pudesse voltar no tempo e mudar o que quisesse? Você acha que poderia fazer as coisas de outra maneira, ou até mesmo complicar suas escolhas e transformá-las numa complexa teia de indecisões? Esse é o enigma que Life is Strange, o novo e intrigante jogo de aventura que Dontnod traz com objetivo de fazer você decidir o melhor desfecho para a sua heroína Max,e com o benefício de ter uma visão retrospectiva dos acontecimentos.
De volta à escola
Compreensivelmente, a última coisa que a introvertida estudante de fotografia Max esperava era ganhar a capacidade de voltar no tempo . Mas, embora possa ser algo que ela não tenha pedido, seu novo poder não poderia ter vindo em melhor hora: sua capacidade recém-descoberta permite que ela impeça o assassinato de um velho amigo. É um início poderoso, que forma a espinha dorsal da história muitas vezes pessoal que, já no primeiro capítulo, lida com temas como drogas, violência doméstica e estupro.
Com tantos temas, seria fácil que alguns deles no fim acabassem esquecidos e abandonados. Felizmente, cada elemento é tratado com cuidado suficiente para que (quando os pontos da trama não são totalmente resolvidos) você tenha certeza de que eles serão abordados mais tarde para receber a atenção que merecem.
Essa confiança é, em grande parte, devido ao foco que os desenvolvedores do Dontnod claramente deram ao trabalho. Isso ajuda você a se relacionar com cada um dos adolescentes (alguns bastante simpáticos, outros completamente idiotas), uma conexão favorecida pelas boas performances vocais e um estilo de arte expressiva. A Max é um exemplo particularmente bom, com sua narração rápida dos eventos, mantendo a verossimilhança mesmo nas situações surreais em que o jogo a coloca.
Vamos dar a volta novamente
Não é nenhuma surpresa que o jogo engasgue tanto na história e nos personagens pois, de forma isolada, a soma total das fases reais no primeiro episódio é relativamente rápida. Com cerca de cinco cenas no total, você pode passar rapidamente pelos poucos quebra-cabeças que surgem simplesmente interagindo com tudo que está no meio ambiente.
Às vezes, as coisas demoram um pouco, pois Life is Strange sofre do antigo problema dos jogos de aventura, ou seja, lutar contra a lógica frequentemente incompreensível do desenvolvedor. Você nunca vai saber exatamente o que tem que fazer em sua primeira tentativa em determinado cenário. Por isso, você vai acabar voltando muito no tempo para tentar consertar as consequências das suas ações, apesar supostas pistas visuais que existem para ajudar. Embora esta seja a mecânica principal, muitas vezes o número de vezes que você tem que repetir uma determinada zona torna-se cansativo. É preciso agir com cautela para não ter surpresas desagradáveis depois.
A mecânica de retroceder no tempo também entra em jogo quando se interage com os vários personagens de Life is Strange. Aqui, as suas decisões podem ter um impacto duradouro, e você consegue explorar todas as opções possíveis. O que é interessante sobre essa dinâmica é que não há escolhas boas ou más (ainda não sei se é melhor confortar ou ridicularizar o valentão da escola), mas, uma vez resolvida a questão, você fica preso no resto da história. Infelizmente, no primeiro capítulo, nenhuma dessas interações vem à cabeça – mais uma vez deixando o potencial geral do Life is Strange em suspenso até que sejam reveladas mais partes da história.
Continua...
A maior parte do primeiro episódio do Life is Strange é praticamente uma explicação de sua dinâmica principal e uma introdução dos personagens. O jogo está bem feito, mas seu fim abrupto me deixou um pouco insatisfeito devido à falta de resultados ou de qualquer conclusão real. Dito isso, trata-se de um começo muito promissor para algo que pode acabar sendo muito especial; até agora, é só agradavelmente estranho.
